<$BlogRSDURL$>

5.10.06

Bravos companheiros e fantasmas
(Publicado em 13.09.06)

A coluna de hoje é bastante curta, mas o assunto é de vital importância. É que vale muito a pena dar uma passada no Bravos Companheiros e Fantasmas: II Seminário sobre o autor capixaba, que será realizado entre os dias 13 e 15 de setembro (ou seja, de hoje até sexta) no Auditório do IC-II, na Ufes. Afinal, não é todo dia que podemos apreciar um evento totalmente dedicado à produção literária local, não só com apresentação de estudos críticos e teóricos, mas também abrindo espaço para que escritores possam relatar suas experiências.

Nesta edição do Seminário, teremos sete escritores, em três mesas, discorrendo sobre suas obras: Luiz Guilherme Santos Neves, Pedro J. Nunes, Reinaldo Santos Neves, Sérgio Blank, José Irmo Gonring, Anne Ventura e Bith. Vale lembrar que desde a primeira edição, em 2004, esse espaço ao escritor é generosamente concedido pelo evento, algo bastante raro nos congressos literários (mesmo nos mais importantes nacionalmente), restritos basicamente ao olhar dos pesquisadores, raramente contrapondo-os ao pensamento de autores em constante e incansável produção.

Cinco conferências serão apresentadas durante o evento: Francisco Aurélio Ribeiro vai falar dos cronistas (e das cronistas, como Haydeé e Carmélia), Tida Carvalho falará dos Diários Selvagens de Carlinhos de Oliveira, Bernadette Lyra terá dupla presença (falará do Ticumbi e será o objeto da fala de Deneval Siqueira) e Deny Gomes vai falar sobre "Imprensa e literatura no Espírito Santo", destacando episódios como o antológico projeto Nossolivro, nos anos 90 e o fundamental papel de Amylton de Almeida no cenário jornalístico e literário do Estado. A conferência de Deny abrirá o Seminário, que este ano é dedicado ao Amylton. Sucederá a fala de Deny uma mesa redonda dedicada ao autor, na qual João Barreto falará da clássica sensação de se viver exilado em Vitória, um dos temas fundamentais do romance A passagem do século, enquanto que Virginia Albuquerque analisará A autobiografia de Hermínia Maria, por sinal, meu livro predileto dentre os de Amylton.

Uma série de mesas-redondas completa o evento, passeando por assuntos tão diversos quanto a produção literária infanto-juvenil, o fescenino Cantáridas, o compositor Sérgio Sampaio e autores da importância de Maria Antonieta Tatagiba e Carlinhos de Oliveira (aliás, o "nome fantasia" do Seminário é tirado do belíssimo livro de contos homônimo, publicado pouco depois da morte de Carlinhos). E até eu estarei em uma delas, dedicada ao recém-lançado romance Kitty aos 22: Divertimento, de Reinaldo Santos Neves. Livro que, convenhamos, merecia ser indicado ao vestibular.

Nem preciso reforçar a importância de um evento dedicado à crítica e reflexão sobre a produção literária capixaba, ou será que preciso? Todo mundo sabe que a literatura é fundamental para uma discussão da experiência de se viver numa determinada época em uma determinada sociedade (acredito que isso possa ser chamado de "identidade cultural"), e discutir suas transformações históricas e estéticas é discutir as transformações da própria sociedade. Só aí já temos um motivo imenso para pelo menos dar uma passadinha por lá, né?

Comments: Postar um comentário

This page is powered by Blogger. Isn't yours?