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29.4.06

Poesia capixaba na internet

Erly Vieira Jr
(Publicado em 08.02.2006)

Semana passada eu mencionei sobre sites que costumam divulgar autores locais. E faltou citar o exemplo capixaba, no ar desde 2003. O site Poetas Capixabas abriga 656 (!) autores, das mais diversas origens. Talvez seja o mais amplo mapeamento de autores capixabas já realizado, embora restrinja-se apenas a poetas. Independente de se gostar ou não desse ou daquele autor incluído, o importante é reconhecer que o site assume o papel de mais amplo banco de dados sobre poesia no estado e, melhor ainda, disponível para consulta pública em qualquer parte do planeta.

Estão todos (ou quase todos) lá: antigos ou contemporâneos, acadêmicos ou vanguardistas, trovadores e transgressores... uma série de biografias acompanhadas de poemas, atualizados com a colaboração dos próprios internautas. E, se ao visitar o site, o leitor sentir a falta desse ou daquele autor, é só acessar a seção Espaço do leitor e preencher um formulário com os dados de quem está faltando (o mesmo serve para atualizar a lista de títulos publicados e participações em coletâneas).

O site é uma louvável iniciativa de Thelma Maria Azevedo, nascida em 1931 em Florianópolis. E o mais espantoso é que Thelma compilou esse imenso banco de dados sem patrocinador algum, privado ou público.

Isso faz saltar aos olhos o absurdo que é a total ausência de bancos de dados sobre a cultura local e nacional mantidos por órgãos públicos. Mapeamentos, disponibilização de resultados em sites e catálogos impressos, nada disso é realizado de forma ampla e sistemática (esporadicamente, ocorrem iniciativas de médio e curto alcance, como o exemplo do site 10 maes vídeo, voltado para a produção audiovisual, ou bancos de dados oriundos de iniciativas particulares). Carecemos de mecanismos que não só dêem visibilidade à produção cultural de municípios, estados e do País, como também de meios de atualizar esses dados constantemente. Meus caros, a discussão sobre a tal "identidade cultural" começa justamente pelo amplo conhecimento da produção cultural de um determinado povo em determinada época (para depois cruzarmos a contemporaneidade com a tradição). Fechar os olhos para isso é admitir em caps lock que se concebe a cultura como sobremesa. E sobremesa, até onde eu saiba, só serve pra criar barriga. Cultura, pra mim, é tão essencial quanto o arroz e o feijão.

O mais engraçado foi que eu descobri esse site através do Google. Sim, eu tenho o hábito de periodicamente jogar o meu nome no Google, "pra ler o que andam escrevendo de mim por aí" (hehehehe). E qual não foi minha surpresa ao descobrir que eu era um verbete no site Poetas Capixabas, e que a página ainda continha uma curiosa seleção de textos do meu primeiro livro? Sem contar que é bem interessante tentar adivinhar os motivos que levaram à escolha desse ou daquele texto pra constar no site...

Bom, o site tá aí. Aliás, não dei o endereço, dei? Então vai lá: http://www.poetas.capixabas.nom.br .

Experimente dar uma passeada pelo site, quem sabe você não consegue garimpar algum autor interessante do qual você nunca ouviu falar (ainda)? E quem sabe, daqui a algum tempo, a gente não encontre por aí outros sites mapeando nossa produção em outras áreas (artes plásticas, música, teatro, entre outros)? Até mesmo pra gente poder separar o joio do trigo e preferir a obra de fulano ou beltrano, precisa-se de conhecer a produção local e nacional, e os bancos de dados são ferramentas fundamentais para se iniciar toda e qualquer pesquisa.

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