<$BlogRSDURL$>

29.4.06

Muito além da Bruna

Erly Vieira Jr
(Publicado em 23.11.2005)

Semana passada eu falei de literatura de blog. Ou melhor, do hype que se formou ao redor de alguns blogs anos atrás, onde supostamente seria encontrado o futuro da literatura. Ora, do futuro da literatura nada sei, mas do presente a web sabe muito bem. Vários sites e portais se dedicam ao assunto, trazendo resenhas, notícias e entrevistas com autores e desengavetando inéditos, muito além das Brunas Surfistinhas da vida (calma, ainda não vou falar dela, pelo menos até ler o livro, afinal é muito feio falar mal do que mal se conhece, né?).

Um ponto de partida nesse passeio literário na rede é o Paralelos, organizado por Augusto Sales, sediado no Rio e repleto de textos de nomes emergentes da literatura brasileira. Pra citar um exemplo, a edição atual traz um especial denominado Exercícios de decomposição, editado por Christiane Tassis e reunindo escritores e videoartistas mineiros, ao redor do tema "corrupção". Periodicamente, são organizadas edições denominadas A arte de desengavetar escritos, mesclando textos de autores conhecidos e novos talentos literários. Autores residentes no Espírito Santo, em sua maioria inéditos ou semi-inéditos, como Andréa Delmaschio, Jana de Assis, Carlos Calenti, Tiago Zanoli e Herbert Pablo já participaram dessa seção. Esses e outros textos você encontra neste endereço.

Outro site importantíssimo voltado para a literatura brasileira é o Portal Literal, projeto da Conspiração, sob editoria de Cristiane Costa e curadoria de Heloísa Buarque de Hollanda. O Portal abriga os sites oficiais de alguns dos mais renomados escritores do país: Lygia Fagundes Telles, Rubem Fonseca, Ferreira Gullar, Luis Fernando Veríssimo, Zuenir Ventura. No Portal também se encontra a revista Idiossincrasia, um dos mais respeitáveis veículos (entre eletrônicos e impressos) de debate sobre literatura brasileira. A revista engloba, entre outras coisas: a TV Literal, arquivo de matérias em vídeo sobre nomes que vão de Ferreira Gullar a Marcelino Freire, de Milton Hatoum a MV Bill; uma seção contendo diálogos de Heloísa com nomes como Antônio Torres e George Yudice; trechos de livros recém-lançados, blogteca, e até mesmo uma oficina literária on line. Isso sem contar as colunas de escritores, que permitem a leitores como eu pequenos prazeres, tipo discordar da listinha de "filmes que ficaram melhores ou piores do que a obra literária em que se basearam" elaborada por Rubem Fonseca (imagina se eu ia deixar passar em branco que ele considera que todos os filmes baseados em Kafka inferiores aos livros: e O processo, do Orson Welles, meu caro? Tão inventivo e excitante quanto o livro, ainda que bastante diverso dele, na minha humilde e parcialíssima opinião).

Pra quem quiser conhecer novos autores, três são as seções destinadas a eles: De olho neles, em que são apresentados prosadores que ainda darão o que falar, indicados por autores já veteranos; O poeta indica, seguindo a mesma linha de apostas, dessa vez na poesia; e Exercícios urbanos, na qual os leitores enviam seus textos e, caso selecionados, têm a chance de sair do ineditismo, ainda que no meio eletrônico e não no impresso. Muitas boas surpresas eu costumo encontrar nesses espaços (especialmente nos dois primeiros): Andréa Del Fuego, Cecília Gianetti (de novo!), André Laurentino, Caio Meira, entre outros.

Na página inicial do Portal Literal, há uma matéria falando do site Escritoras Suicidas , recém-lançado. Nele, 18 mulheres (e homens disfarçados sob pseudônimos femininos, que não são revelados de forma alguma) apresentam contos e poemas a partir de um tema mensal. O site é editado por Silvana Guimarães, Silvia Devereaux e Mara Coradello. Silvana define-o como "uma ironia ao estigma que impuseram à 'literatura feminina' = drama + depressão + suicídio" (frase retirada da matéria do Portal).

Entre as autoras, deparo-me com alguns nomes presentes em outros sites do gênero (mais uma vez Andréa Del Fuego, dona de uma prosa das mais interessantes dentre os autores novos) e não resisto a tentar decifrar os pseudônimos dos autores masculinos. Pelo menos eu tenho certeza que a Adelaide do Julinho (tão buarquiano, né?) é alguém que eu já li antes. E se não conseguir decifrar nenhum, pelo menos eu me divirto com as biografias. E na maioria delas, ou pelo menos nas biografias supostamente reais, há links para blogs desses autores, apontando novas possibilidades de percurso nessa nossa incansável peregrinação literária na web.

Comments:
gostei. sua prosa blogueira não enrola. valeu!
 
Postar um comentário

This page is powered by Blogger. Isn't yours?